O modelo dialogal da argumentação e as emoções

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Rubens Damasceno-Morais

Resumo

Este artigo propõe um diálogo do modelo dialogal da argumentação de Christian Plantin (2008) com a obra de 2011 desse mesmo autor (Les bonnes raisons des émotions). Nesse percurso, retomamos alguns dos principais elementos da perspectiva dialogal (estase, questão argumentativa, papéis de atuação, com foco no terceiro papel) estabelecendo um diálogo com trabalhos recentes desenvolvidos, a partir de tal modelo, no Brasil. Ali apresentaremos como esse entrecruzamento se estabelece e ganha novos contornos, sem se restringir a mera identificação e catalogação daqueles elementos a partir de sua identificação em interações diversas. No segundo momento, lançamos um olhar para o trabalho de 2011, sem nenhuma pretensão de fazer uma exegese daquele trabalho, mas, tão-somente, de mostrar de que forma tanto o trabalho de 2011 como a tríade do modelo dialogal estão naturalmente imbricados. Isso porque, e é justamente o que tentaremos ressaltar neste breve texto, vemos que não há se falar em um modelo que toma a interação como foco sem levar em conta diretamente o papel das emoções, estejam elas assumidas ou não; sejam as emoções argumentadas ou não. Ao concluirmos, e a partir de exemplos de análises advindas do campo jurídico, mostramos que nos referirmos a um modelo dialogal e das emoções é uma maneira de atar duas pontas de parte do trabalho de Christian Plantin.

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Como Citar
Damasceno-Morais, R. (2023). O modelo dialogal da argumentação e as emoções. Rétor, 13(2). https://doi.org/10.61146/retor.v13.n2.197
Seção
Dossier. Homenaje a Christian Plantin

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